Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 825-1 | ||||
Resumo:Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) são foco de atenção nas unidades de terapia intensiva (UTI), tendo em vista o risco para os pacientes internados. O risco de contaminação cruzada entre os pacientes e superfícies devido à higienização ineficiente das mãos dos profissionais e/ou a má limpeza do ambiente são fatores preocupantes na UTI, já que podem aumentar os índices de morbimortalidade. Este estudo apurou a presença de bactérias em superfícies, vestimentas e mãos em UTI de hospital público no norte de Santa Catarina. Foram coletadas amostras em triplicata de 7 locais distintos friccionando swabs embebidos em solução estéril de cloreto de sódio à 0,9% nas áreas escolhidas. Os swabs foram mantidos em caldo Brain Heart Infusion (BHI) e permaneceram em estufa a 35ºC ± 2ºC por 24 horas para posterior identificação por automação e/ou métodos manuais. Também foi realizada análise espectrofotométrica para quantificar o crescimento bacteriano através da absorbância registrada. Entre as 39 amostras coletadas, as bactérias encontradas foram: Enterococcus faecalis (25,64%), Staphylococcus spp. (12,82%), Bacillus spp. (10,25%), Staphylococcus aureus (7,69%), Staphylococcus spp. coagulase-negativa (SCN) (7,69%), Enterococcus faecium (5,12%), Staphylococcus epidermidis (5,12%), Staphylococcus equorum (2,56%), Staphylococcus hominis (2,56%), Streptococcus spp. (2,56%), Pseudomonas aeruginosa (2,56%), Proteus mirabilis (2,56%), Klebsiella pneumoniae (2,56%). O isolado de Klebsiella pneumoniae foi identificado como multidroga-resistente, produtora de carbapenemase e beta-lactamase de espectro estendido (ESBL). Observamos que as bactérias encontradas nas mãos dos profissionais participantes foram Citrobacter freundii complex, E. faecalis, Staphylococcus spp., S. aureus e SCN. A escolha de realizar coleta das mãos dos profissionais se deu em razão da higienização das mãos possuir um papel importante na prevenção das IRAS, visto que o contato com pacientes infectados ou mesmo com superfícies e equipamentos contaminados pode ocasionar contaminações cruzadas e ajudar a disseminar os patógenos. Em relação às bactérias isoladas nos uniformes, sendo a mais frequente E. faecalis, além da presença de K. pneumoniae e Staphylococcus spp. coagulase-negativa MDRs, é importante citar que, apesar da hipótese de que os uniformes podem ser potenciais veículos de transmissão de microrganismos, não há evidências científicas que suportem essa teoria atualmente. Considerando os achados na roupa limpa, é necessário cautela na interpretação destes, visto que o Manual de Processamento de Roupas de Serviços de Saúde (2009) manifesta que o processamento da roupa hospitalar não resulta na eliminação total de microrganismos, à exceção de roupas para uso cirúrgico, que necessitam de esterilização. As superfícies e instrumentos utilizados nos centros de saúde podem agir como reservatórios de microrganismos multirresistentes, corroborando com sua disseminação e contaminação do ambiente. Neste estudo, as bactérias presentes nas superfícies e objetos foram Bacillus spp., E. faecalis, SCN e um isolado de S. equorum coletado do telefone com resistência a dois antibióticos testados. Conclui-se que tais achados são importantes para conscientização quanto a necessidade de elaboração de plano de ação para reduzir a incidência de bactérias patogênicas, em especial as multidrogas-resistentes, para garantir a segurança dos pacientes. Palavras-chave: Infecção hospitalar, Contaminação cruzada, Mãos, Superfícies, Uniformes |